terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O jogo das conveniências: um roteiro mal escrito

E foi no apagar das luzes de 2010.
O texto de Beto e Romulo traduzem minha indignação. 
Leiam e pasmem.


Bjs Eve 


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O jogo das conveniências: um roteiro mal escrito

por José Roberto Severino e Rômulo Mafra


Nas últimas semanas temos assistido a um debate sobre a mudança na legislação ambiental para a implantação de uma Marina no Saco da Fazenda aqui em Itajaí. Porém, faltam alguns elementos neste debate, apesar das veementes críticas de alguns vereadores da oposição na Câmara (o conhecido Bope) – Níkolas Reis (PT), Maurílio Moraes (PDT) e Marcelo Werner (PC do B). Soa muito estranho a mudança de opinião da atual base governista no que tange às restrições ambientais vigentes. Vale lembrar que a mesma base, quando oposição, derrubou o Plano Diretor de Itajaí com argumento de que o plano era permissivo do ponto de vista ambiental. Claro que não podemos fazer acusações levianas, contudo, o bloco inteiro teve, no mínimo uma reunião com o grupo Tedesco, um ano atrás. Refrescando a memória, a Barra Sul foi praticamente privatizada, seus pescadores expulsos e toda orla cercada. Que experiência o grupo Tedesco pode oferecer na consolidação da democracia numa cidade como Itajaí? Uma cidade pesqueira, que não quer perder essa característica. Uma cidade voltada para o rio e para o mar. Um bom exemplo é Associação Náutica de Itajaí (ANI), que poderia e deveria ser mais ouvida para tomadas de decisões mais maduras, consistentes e comprometidas com a participação da comunidade.
O projeto tal qual se apresenta, parece interessar a grandes investidores com a anuência serviçal do legislativo da cidade. Não há debate crítico sobre os impactos ambientais, sociais e culturais de tal empreendimento. Parece um roteiro mal escrito, desses que só interessam ao lucro imediato. Evidentemente, precisamos pensar um espaço que contemple a cultura náutica, no seu sentido mais amplo. Mas não é entregando o que nós temos de melhor, sem o menor senso de responsabilidade, que faremos isso.
Assusta a maneira como grande parte da imprensa local tem tratado o assunto. Exemplo disso foi o comentário do âncora e a matéria do Jornal do Meio-Dia da Ric Record; trataram o tema como a simples aprovação da construção da Marina, quando o assunto em pauta na Câmara era sobre a legislação ambiental. Puro jogo de conveniência? Ou jogo de desinformação? Tratam o Saco da Fazenda pelo seu nome jurídico (Baía Afonso Wippel) há alguns meses, e não pelo nome culturalmente aceito e em uso na cidade. Por que será? Os vereadores da oposição (especialmente Níkolas Reis), que no caso levantam a bandeira do meio ambiente, são tratados como opositores ao progresso e ao desenvolvimento. A qualquer custo? Tanto que o comentário do âncora foi como se Níkolas estivesse cometendo um pecado venal contra Itajaí por querer o debate público. É de assustar a condução deste roteiro, que anuncia a devastação de uma área nobre para uma causa não tão nobre. E o roteiro só piora; na votação hoje, o único vereador da situação a “embasar” seu voto, foi Douglas Cristino (DEM). Segundo Douglas, ele “recebeu várias ligações nos dias anteriores favoráveis à Marina”. Alguns telefonemas e reuniões alteram a legislação ambiental de Itajaí, à revelia dos parâmetros do Conama, Ibama e outros órgãos ambientais. Um exemplo disso, é o famoso Bota-Fora 1, que está irregular e foi incluído no projeto como se nada tivesse acontecido. Quem é que está escrevendo este roteiro de novela mexicana?
A Câmara de Vereadores, servilmente, aprovou a MUDANÇA NA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL DE ITAJAÍ. Onde estava o PV? Onde estavam os detratores do Plano Diretor de 2008? Sim, onde estavam, pois a partir desta mudança abrem-se precedentes inimagináveis para o meio ambiente em Itajaí. A história nos mostra antigas lutas em Itajaí pelo meio ambiente. Desde Lito Seára, passando por Associação do Meio Ambienta de Itajaí e mais recentemente pelos movimentos de proteção da Praia Brava e Praia do Morcego, que temos observado a força dos movimentos sociais e dos políticos bem intencionados pela causa. Mas, o que vemos agora macula a trajetória destas lutas. Uma pena. Mas há que se fazer alguma coisa.

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