sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Uma rede pela Memória


Muito além de boas ou más lembranças a memória ajuda a construir quem somos. É na memória que guardamos nossas referências, nossas escolhas, nossa identidade. É na memória que diferenciamos o que nos é caro e importante, o que nos identifica, o que nos diferencia das outras pessoas.
Por isso são tão importantes as políticas públicas voltadas à preservação da memória e do patrimônio, que há não mais que uma década atrás eram inexpressivas e, posso dizer, elitistas.
Muito recentemente o Brasil aderiu à tendência mundial de democratização das políticas públicas para a cultura e passou a investir na modernização e reestruturação da gestão cultural. Novos programas criados, nova legislação, discussões públicas, toda uma mobilização nacional que busca reverter um prejuízo de 500 anos de inércia e falta de investimentos no setor.
A população passa a interagir com um setor que antes era excludente, começa a se valorizar, valorizar seus saberes, suas escolhas, sua memória e identidade, seu patrimônio.
Eu vejo que hoje o Brasil tem uma imagem muito mais plural, muito mais diversa, devido a todas essas iniciativas e ações, que parte vem do governo, e parte da sociedade que entendeu e compartilhou desse esforço, dando vigor a esse movimento.
Na próxima semana estarei no Instituto Brasileiro de Museus, no Rio de Janeiro, em reuniões para avaliar e planejar ações de nível nacional para o setor da Memória e Patrimônio, encontro chamado Teia da Memória. Fui convidada devido à minha participação em uma rede nacional de instituições pessoas apaixonadas pela história e cultura do nosso povo, o Brasil Memória em Rede. Lá compartilharemos experiências, lutas e sonhos. Será um encontro muito produtivo, onde também será lançado o livro que conta a história dessa rede BMR, de nossas ações por aqui, do quilombo do Morro do Boi, do Instituto BoiMamão e tantos outros pelo Brasil.
Mesmo com minhas pequenas ações no setor, meus pequenos sonhos, projetinhos aqui e acolá, articulações aqui e ali, eu me empolgo muito, me sentindo parte de um movimento nacional que impulsiona e une pequenas ações de muita gente. No final vira tudo uma grande rede de coisas que acontecem continuamente pelo Brasil afora.
Aí me entristece muito ver que, em Itajaí, todo o esforço de valorização da memória e do patrimônio do povo, das pessoas que ajudaram a construir essa cidade, tem sido desprezado. Servidores desmotivados, ações perdidas, falta de proximidade com a população. A gestão pública da cultura e do patrimônio por aqui está perdida.
Resta-nos criar outras alternativas. Espero que em breve alguns dos meus sonhos se concretizem. E vamos que vamos!! Mãos à obra.

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