sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Praia Brava para todos. Pelo direito de ir e vir, de trabalhar e se divertir na Praia Brava


Qual a minha surpresa ao descobrir, em acesso ao blog www.falaitajai.com mais um absurdo que acontece em nossa cidade. Segundo informações do jornal Diarinho (postado abaixo), em reunião na ultima quarta-feira ficou acertado que as construtoras que tem obras na Praia Brava entreguem os nomes dos seus 1,5 mil operários para os conselhos locais de segurança, a fim de que sejam investigadas suas vidas. O cadastro vai ser analisado pela polícia e depois será entregue ao conselho, que vai saber o histórico de cada trabalhador. “Já vamos começar em dezembro, como medida emergencial e até preventiva”, disse o presidente da federação dos Consegs catarina (Feconseg), Valdir de Andrade, que também é morador da Brava.
Isso tudo acontece com a anuência do poder público municipal, participação da polícia, que vai fazer esses levantamentos gratuitamente, em horários que deveriam estar realizando seu trabalho nas ruas. Parece que já está tudo acertado.
Creio q devamos analisar vários aspectos sobre isso.
Primeiro e básico, se essa ação tem o objetivo de cercear a presença de qualquer pessoa no bairro, seja trabalhador da construção civil ou não, já de cara fere o direito constitucional de ir e vir.
Segundo, se qualquer pessoa que tenha tido um dia qualquer problema com a justiça, (que sabemos bem nem sempre é justa) sofrer qualquer dano, moral por constrangimento, ou material, pode tranquilamente requerer seus direitos, pois a própria constituição brasileira defende a reinserção social de pessoas  que tenham cometido delitos.
Terceiro, sabe-se bem que os problemas de violência na Praia Brava estão diretamente ligados aos consumo e comércio de entorpecentes, que ao contrário do que se pensa, é muito alto entre as classes mais abastadas de Itajaí.
Quarto, essa ação mostra um claro preconceito em relação aos trabalhadores, aos mais humildes, aqueles que moram nas periferias, que vão trabalhar de bicicleta, que passam um dia inteiro carregando pedra pra construir casas luxuosas para os bacanas, pois parte do pressuposto que pobre é criminoso.
Dessa forma Itajaí se consolida como reduto do preconceito, da discriminação, e cada vez mais aumenta o apartheid social em nossa cidade.
Da mesma forma que quando se discutiu o Plano Diretor em 2007 e 2008, os ricos contestaram várias proposições em defesa do meio ambiente da Praia Brava, mas não lembro de nenhuma reunião onde empresários tenham feito uma só defesa aos mangues do bairro Imaruí, onde muitas famílias moram precariamente.
E mais, creio que essa ação vá gerar uma reação, onde muitas pessoas vão ficar indignadas e raivosas contra os moradores da Praia Brava, isso sim pode gerar uma onda de violência causando sérios riscos à nossa cidade.
Preparem-se, pois se algum peão perder o emprego por causa dessa ação DESCABIDA o caldo vai engrossar.
Abraços a tod@s.

Evelise.

4 comentários:

  1. Em primeiro lugar gostaria de cumprimentar pelo blog, somos uma das alternativas de contrapor a grande mídia que tenta dar a linha política nesnte pais, mas o assunto de hoje é o apartheid na praia brava, e gostaria que visitasse meu blog http://iedojaques.blogspot.com. Apartir de hoje sou mais seu seguidor

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  2. Obrigada Iedo, também sou sua seguidora agora. Temos que nos unir e fazer barulho contra essas atrocidades todas que estão fazendo com nossa cidade. Abraços. Evelise

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  3. Como assim preconceito? Pelo que entendi vão cadastrar os moradores. Isso é uma maravilha! O Censo também é um cadastro e é essencial pro crescimento organizado.

    Se fosse um operário, eu pediria por favor pra me cadastrarem... a não ser que eu queira esconder alguma coisa.

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  4. Desculpe, Felipe, mas creio que você ou não está bem informado sobre o assunto, ou entendeu errado. Não é só um cadastro. É o levantamento das fichas policiais dos trabalhadores da construção civil que atuam no bairro, que tem direito a trabalhar dignamente. Possiveis problemas passados com a justiça não podem ser motivo de discriminação contra ninguém.
    Abraços.
    Evelise

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